segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Ode ao tempo

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.

Quando se vê, já são seis horas!
Quando de vê, já é sexta-feira!
Quando se vê, já é natal…
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê passaram 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado…
Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio.
Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas…
Seguraria o amor que está a minha frente e diria que eu o amo…
E tem mais: não deixe de fazer algo de que gosta devido à falta de tempo.
Não deixe de ter pessoas ao seu lado por puro medo de ser feliz.
A única falta que terá será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará.

O Tempo (por Mario Quintana)

sábado, 2 de janeiro de 2021

Curiosidades do ano novo

Sabem quem escreveu no jornal sobre o Ano Novo? Karl Marx. Vejam, amigos!

"Mas o ano de 1849 não se contenta com o costumeiro. Sua entrada assinalou-se com algo inédito, com uma felicitação de ano novo do rei da Prússia. Foi um voto de ano novo dado, não ao povo prussiano, também não “Aos meus queridos berlinenses”, mas sim “Ao meu exército”.

Esse trecho se encontra na obra em dois volumes que reúne artigos de Karl Marx e Friedrich Engels.Os textos foram publicados no jornal da Liga dos Comunistas, a Nova Gazeta Renana, no período da Revolução Alemã e da contrarrevolução na Europa, que compreende o 1º de junho de 1848 até o 19 de maio de 1849.


De acordo com as próprias palavras de Lívia Cotrim (a tradutora dos livros), os artigos reunidos na obra foram "o principal instrumento de ação política de Marx nas revoluções que então se desencadearam". 
Nesta última sexta-feira (01/01), Opera Mundi publica um dos artigos de MarxUma felicitação de ano novo, que está presente no volume um do livro.

(Texto do site Opera Mundi, adaptado)

sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Carta ao Senhor Futuro, por Eduardo Galeano

Carta ao Senhor Futuro, por Eduardo Galeano

Prezado Senhor Futuro,

Com a minha maior consideração:
Estou lhe escrevendo esta carta para pedir-lhe um favor. O senhor saberá desculpar-me o incômodo.
Não, não tema, não é que queira conhecê-lo. O senhor há de ser muito solicitado, haverá tanta gente que quererá ter o prazer; mas eu não. Quando alguma cigana me toma a mão para ler-me o porvir, saio correndo em disparada antes que ela possa cometer tal crueldade.
E, no entanto, você, misterioso senhor, é a promessa que nossos passos perseguem querendo sentido e destino. E é este mundo, este mundo e não outro mundo, o lugar onde o senhor nos espera. A mim e aos muitos que não acreditamos nos deuses que nos prometem outras vidas nos mais longínquos hotéis de Mais Além.
E aí está o problema, senhor Futuro. Estamos ficando sem mundo. Os violentos o chutam, como se fosse uma bola. Jogam com ele os senhores da guerra, como se fosse uma granada de mão; e os vorazes o espremem, como se fosse um limão. A este passo, temo, mais cedo do que tarde, o mundo poderá ser não mais do que uma pedra morta girando no espaço, sem terra, sem ar e sem alma.
Disso se trata, senhor Futuro. Eu lhe peço, nós lhe pedimos, que não se deixe desalojar. Para estar, para ser, necessitamos que o senhor siga estando, que o senhor siga sendo. Que o senhor nos ajude a defender a sua casa, que é a casa do tempo.
Quebre-nos esse galho, por favor. A nós e aos outros: aos outros que virão depois, se tivermos depois.
Saúda-te atentamente,

Um Terrestre 

(Publicado em Ao Arqueólogo do Futuro, da Agência Carta Maior)