Em Meia Hora on line.Livro revolta parentes de vítimas de tragédia
O padre Lauro Trevisan, autor do livro "Kiss - Uma Porta Para o Céu", afirma em sua obra que até três vítimas do incêndio na boate em Santa Maria (RS), na madrugada de 27 de janeiro deste ano, receberam uma segunda chance de Deus e, por isso, retornaram à vida quando já eram dadas como mortas, tanto que estavam dentro do caminhão frigorífico. A publicação causou polêmica e revoltou parentes dos 241 mortos na tragédia. A primeira edição, lançada semana passada com dois mil exemplares, já está esgotada.
"No auge da balada celestial, o Pai perguntou se alguém queria voltar. Dois ou três disseram que sim e foram encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao Ginásio de Esportes (local para onde foram levados os corpos das vítimas)", diz um trecho do livro.
Em entrevista ao site G1, o padre Trevisan se defendeu e, depois das manifestações de repúdio dos parentes de vítimas, alegou que se tratava de uma ‘alegoria', ou seja, o trecho não deveria ser interpretado ao pé da letra.
"Primeiro, ele (o padre) disse que pessoas relataram a ele como verdadeiras (as informações sobre vítimas encontradas vivas no caminhão frigorífico). Depois, afirmou que eram ‘alegorias'. O pessoal ficou muito chateado. A pessoa não pode brincar com essas coisas", revoltou-se o presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM), em entrevista ao G1.
Livro religioso sobre tragédia na Kiss deixa revoltados os familiares de vítimas
PorGiana Guterres | Correspondente do The Christian Post
Um dos últimos lançamentos de livros em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, tem deixado muitas pessoas indignadas. O padre Lauro Trevisan escreveu no início de março a obra “Kiss – Uma porta para o Céu” e gerou revolta principalmente nos familiares das vítimas da tragédia.
“O livro busca responder aos por quês do sofrimento, onde está Deus diante de tanta dor e como reaver a vontade de viver e a felicidade”, informa o resumo no site da Editora da Mente, publicadora do livro. Ele está sendo vendido por 20 reais. A primeira edição já foi toda vendida. Uma segunda edição será lançada essa semana com as alterações pedidas pela Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM).
Um dos trechos polêmicos está entre as páginas um e seis. “No auge da balada celestial, o Pai perguntou se alguém queria voltar. Dois ou três disseram que sim e foram encontrados vivos no caminhão frigorífico que transportava os corpos ao Ginásio de Esportes”, está escrito.
O padre respondeu sobre esse trecho. “É claro que não entrevistei Deus e nem que houve pessoas vivas no caminhão frigorífico. Fiquem tranquilos quanto a isso. Trata-se de alegoria. Eu sempre expliquei que o livro não é documentário nem reportagem, mas um voo às dimensões transcendentais da vida. Para o bem das pessoas que não entenderam a alegoria e tomaram como realidade ofensiva, informo que já retirei o texto do livro”. Outra frase polêmica foi: “Num imenso gesto heroico de solidariedade, a salvar os que agonizavam em meio à fumaça funérea”.
Autor de vários livros, o padre Trevisan, justificou a intenção da obra. “O livro apenas tem a única intenção de ajudar a confortar os que sofrem, a reanimar Santa Maria, e a oferecer lições à humanidade para tornar o mundo melhor. Não é documentário nem reportagem, mas uma mensagem de conteúdo psicológico-espiritual. Se algum texto desfavorece essa intenção é claro que retiro, pois não estaria cumprindo sua finalidade a que me propus”, escreveu em sua página no Facebook.
“Meu desejo é que todos se sintam confortados. Essa é a razão da mensagem. Por isso já retirei do livro essas duas passagens. Longe de mim criar polêmicas ou machucar quem quer que seja. Afinal, somos todos irmãos”, postou sobre os trechos que geraram a polêmica.
A tragédia na Boate Kiss aconteceu em 27 de janeiro deste ano. O incidente deixou 241 mortos e centenas de feridos.




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