domingo, 24 de fevereiro de 2019

Poesias

Pagú
Um peixe

Um pedaço de trapo que fosse
Atirado numa estrada
Em que todos pisam
Um pouco de brisa
Uma gota de chuva
Uma lágrima
Um pedaço de livro
Uma letra ou um número
Um nada, pelo menos
Desesperadamente nada.


Patrícia Galvão (Pagú)

sábado, 16 de fevereiro de 2019

Nova entrada do index da Damares Goiabeira na proibição de livros infantis

"A Máquina de Brincar".
Um livro distribuído nas escolas públicas do Brasil para estudantes matriculados no Ensino Fundamental se tornou o centro de uma polêmica na última semana, quando uma internauta divulgou imagens de trechos dos poemas, com supostas apologias ao diabo.

“A Máquina de Brincar”, escrito pelo gaúcho Paulo Bentancur, traz uma série de contos em forma de poema, e entre eles, alguns em que o diabo é mencionado como “um bom parceiro”.
Divididoo em duas partes, “Para ler no claro” e “Para ler no escuro”, o livro foi escrito, segundo o autor, com a intenção de brincar com “o lado bom e o lado mau das coisas”.

Com poemas de títulos chamativos, como “O diabo que me carregue”, onde são feitos questionamentos sobre a existência de Deus, o livro compara Deus a uma criança medrosa e chama satanás de “amigo”: “Sossega! Vão falar mal aqueles que não estão contigo. Que não foram convidados pelo diabo, meu grande amigo”, diz um dos poemas.

O autor, entrevistado sobre a polêmica, negou que faça apologia ao satanismo com as histórias que contou no livro, e disse que a intenção é usar a literatura para dar asas ao “surreal”. “Quis fazer um livro diferente. As crianças de hoje são inteligentes, gostam de suspense, de figuras lendárias. E qual o problema de brincar com Deus e o diabo? Não faço apologia ao demônio, apenas brinco com o lado bom e o lado mau das coisas”, defendeu-se.

Bom, nós leitores desse blog e sem ligação partidária já sabemos onde isso vai parar...

Fonte: https://noticias.gospelmais.com.br/livro-infantil-diabo-amigo-deus-covarde-69340.html

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Resistindo ao fascismo (parte 2)

Lenin e Clara Zetkin.
Uma das raízes do fascismo está no retardamento da revolução mundial pela atitude traiçoeira dos líderes reformistas. Grande parte da pequena burguesia, incluindo até as classes intermediárias, sob condições favoráveis, cultivam certa simpatia pelo socialismo reformista, esperando que este provoque algumas reformas sociais por vias democráticas. Ficaram, no entanto, desapontados em suas esperanças. A pequena burguesia e as classes intermediárias podem agora ver que os líderes reformistas estavam em acordo benevolente com a grande burguesia, e o pior de tudo é que elas perderam a fé não apenas nos líderes reformistas, mas no socialismo como um todo. Essas massas de simpatizantes socialistas decepcionados são acompanhadas por grandes círculos do proletariado, de trabalhadores que desistiram de sua fé não apenas no socialismo, mas também em sua própria classe. O fascismo se tornou uma espécie de refúgio para os politicamente sem abrigo. Para ser justo, deve-se dizer que os comunistas também levam parte da culpa pela deserção desses elementos para as fileiras fascistas, porque nossas ações, por vezes, não conseguiram agitar as massas profundamente o suficiente. O objetivo óbvio dos fascistas, ao ganhar apoio entre os vários elementos da sociedade, seria, naturalmente, tentar superar o antagonismo de classe nas próprias fileiras de seus adeptos, e o chamado Estado autoritário deveria servir como um meio para esse fim.

Depois da crise, a burguesia quer reconstruir a economia capitalista. Nas atuais circunstâncias, a reconstrução da dominação de classe burguesa só pode ser conseguida às custas da exploração impiedosa do proletariado pela burguesia. A burguesia tem plena consciência de que os socialistas reformistas de fala mansa perderam gradativamente seu controle sobre o proletariado, e que não haverá nada para a burguesia, mas recorrer à violência contra o proletariado. Eles precisam, portanto, de uma nova organização de violência, e isso é oferecido a eles pelo confuso conglomerado do fascismo.

Baseado no texto "Fascismo" de Clara Zetkin, escrito em 1923, adaptado pela página A Moral Revolucionária (no facebook) às condições históricas atuais.