domingo, 15 de novembro de 2015

Poemas de Drummond

Gostou, fofo! Eu adoro quem me homenageia.

A PUTA

Quero conhecer a puta.
A puta da cidade. A única.
A fornecedora
Na rua de baixo.
Onde é proibido passar.
Onde o ar é vidro ardemdo.
E as labaredas torram a língua.
De quem disser:Eu quero a puta
Eu quero a puta quero a puta.

Ela arreganha dentes
De longe. Na mata do cabelo.
Se abre toda, chupante
Boca de mina amanteigada
Quente. A puta quente.

É preciso crescer esta noite inteira sem parar.
De crescer e querer
A puta que não sabe
O gosto do desejo do menino.
O gosto do menino.
Que nem o menino.

Sabe, e quer saber, querendo a puta.

Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)


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