quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Personagens da história


Sempre conhecemos os personagens que são conhecidos dos livros de história e os que atualmente participam do mundo real servindo de referência ao público em geral mas... Quem foi Flora Tristan, a pioneira do movimento socialista feminista? Isso, você saberá agora ao ler esse texto publicado n'A Raposa Preppie.
 
Flora Tristan
Flora Tristan (1803-1844) não representa uma figura filosófica, como Marx ou Lukács representam claramente, mas sim uma figura da luta dos direitos das mulheres, do fenômeno do feminismo e, sobretudo, da união de socialismo e feminismo com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa, mais livre e mais feliz. 

A vida e o trabalho de Flora acerca das primeiras conceituações de feminismo e, principalmente, de socialismo são ofuscados por figuras masculinas, como Fourier, Saint-Simon e Proudhon, decorrente de uma sociedade extremamente patriarcal. Assim, faz-se mister que reconheçamos não só o trabalho de Tristan, como também todo o conjunto que sua luta representa; suas militâncias; e sua falta de reconhecimento na academia, nos debates e no meio editorial (há pouquíssimas obras traduzidas no Brasil).

No dia 7 de abril de 1803, na França, nascia Flora Tristan, filha ilegítima de um aristocrata peruano e uma plebeia francesa. Ainda nova, perde seu pai e é submetida a trabalhar como operária têxtil e gráfica, resultante de dificuldades financeiras – as quais passou pelo resto da sua vida. Na juventude, nunca foi à escola e foi alfabetizada pela mão (uma costureira sumi-analfabeta), no entanto, tornou-se uma exímia escritora. Pois, antes de tudo, ela escrevia a voz do povo – da proletária e da proletária – para o povo.

Com 17 anos, pelas pressões maternas, foi obrigada a casar-se, tendo três filhos dessa relação. Na época, com a restauração monárquica, havia a impossibilidade legal de se divorciar. Por isso, fugiu, mas foi levada à prisão por seu marido, o qual, mais tarde, a alvejou com dois tiros. O marido fora condenado, enquanto Flora – que não pôde extrair as balas perto do coração – dedicou seu curto período de vida, com frágil saúde, à escrita, ao socialismo e ao feminismo.

Os socialistas franceses, ditos críticos-utópicos, tais como Fourier e Saint-Simon, nutriam de uma visão, na época, progressista acerca do papel das mulheres. Charles Fourier, por sua vez, foi citado por Friedrich Engels, de forma bela, no seu clássico: “Do socialismo utópico ao socialismo científico”: “Ainda mais mordaz é a crítica que (Fourier) faz das relações sexuais da burguesia e a posição social das mulheres. É o primeiro a declarar que, em determinada sociedade, o grau de emancipação geral se mede pelo grau da emancipação da mulher”. Em contraposição, gigantes do pensamento político, como Rousseau (ideário máximo da Revolução Francesa, a qual deixou as mulheres por fora. Nesse sentido, Olympe de Gouges destaca-se com “Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã” em reposta a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”) e Voltaire, eram contra a emancipação feminina.

O jovem Karl Marx, no artigo “Sobre o suicídio”, já explicita a opressão das mulheres relatando casos de suicídios decorrentes da sociedade patriarcal. Mais tarde, em “A Sagrada Família”, junto com Engels, desmistifica diversos preconceitos acerca da mulher, com um ótimo estudo antropológico. Portanto, o movimento socialista foi um pioneiro na defesa das mulheres.
Se expressa, logo, no pensamento de Tristan, um ápice inegáveis das primeiras defesas socialistas feministas. Futuramente, Rosa Luxemburgo (1871-1919), militante revolucionária marxista, aparece-nos como outra grande expoente do movimento socialista feminista.

Em 1838, Fora Tristan publica “Peregnations of a pariah” (Viagens de uma pária), uma série de relatos acerca de suas viagens, sempre mantendo o caráter feminista. Agora, por que “pária” no título? Ora, Tristan dizia: “Eu sou uma pária”, pois a classe feminina, em pleno Código Civil Napoleônico da França, era a mais rebaixada, submissa e oprimida de todas. Segundo ela, as mulheres eram proletárias do proletariado, ou seja, oprimidas pelos já oprimidos – e em escala maior.
Já em 1840, é publicado “Promenades dans Londres” (Passeios por Londres). Para esse livro, a escritora visitou inúmeros lugares de Londres, que ela chamava “cidade monstro”, relatando a imensa miséria dos trabalhadores e trabalhadoras. A ambição, a ganância tornava aquela cidade um grande poço de alienados e explorados. Além disso, Flora foi uma das primeiras, senão a primeira, a relatar casos específicos da opressão na classe feminina: a prostituição, as empregadas domésticas, etc. E, ademais, um ponto essencial da obra de Tristan, explícito nesse livro, é a consideração da classe feminina; a explicitação que existe o sexo feminino. 

Cinco anos antes do famoso “Manifesto do Partido Comunista”, de Marx e Engels, de 1848, Flora já havia lançado um apelo a todos os proletários, sem distinção de sexo nem nacionalidade. Dessa forma, a famosa frase que termina o Manifesto de Marx e Engels: “Proletários de todo mundo, uni-vos”, também já havia sido expressa, claro, em outras palavras, por Flora Tristan em: “The worker´s union (União Operária). Flora submeteu-se à ajuda coletiva para a publicação desse livro, de pessoas que simpatizavam com a causa, pois nenhuma editora - mesmo as mais radicais - gostariam de publicar um livro acerca do feminismo socialista. 

Além da união de todos os proletários, destaca-se a primeira manifestação do sexo feminino na classe operária, ou seja, que a classe operária tem dois sexos. 

“Com um cálculo bem simples, demonstrei aos operários que eles próprios possuem uma riqueza imensa que podem se quiserem se unir, fizer milhões e mais, milhões com seus centavos”, diz Tristan. Segundo a escritora, o proletariado: “É a classe mais numerosa e a mais útil”. Sendo assim, diz ela: “Operários, vocês são infelizes, sim, não há dúvida; mas de onde vem a principal causa de seus males?... Se uma abelha e uma formiga, em vez de trabalhar em acordo com outras abelhas e formigas para abastecer a morada comum para o inverno, decidissem se separar e trabalhar sozinhas, elas morreriam de frio e de fome em seu canto solitário. Então por que vocês querem continuar no isolamento?... – Isolados, vocês são frágeis e terminam sufocados sob o peso de misérias de toda sorte! Então! Saiam de seu isolamento: unam-se! A união operária faz a força. Vocês têm a seu favor o número, e o número é muita coisa.” (p.67) – (“União Operária”).

A partir dessa bela conclamação aos operários e operárias, percebe-se o porquê de “União Operária” ter uma tiragem inicial de quatro mil exemplares, superando duas vezes a primeira tiragem do “Manifesto Comunista”, como observa Eleni Varikas na apresentação do livro à edição brasileira.
A estimulante ideia de Flora acerca do feminismo socialista é explicitada no capítulo: “Porque menciono as mulheres”. Nele, a escritora conceitua que libertar as mulheres da opressão é, também e, sobretudo, obra da classe operária. Para isso, faz-se necessário a união de todos os proletários para a emancipação de todo e qualquer tipo de opressão e exploração.

Acerca da situação das mulheres no trabalho, ela escreve: “É preciso considerar que em todas as profissões exercidas por homens e mulheres a jornada da operária é paga com metade da jornada do operário, ou se ela trabalha por tarefa, seu pagamento será ainda menor. Não podendo supor uma injustiça tão flagrante o primeiro pensamento que nos vem à mente é: em razão de sua força de muscular o homem faz sem dúvida o dobro do trabalho da mulher. Mas não! É justamente o contrário que acontece. Em todas as profissões em que é preciso destreza e agilidade os dedos das mulheres fazem exatamente o dobro do trabalho dos homens” (p. 117). – (União Operária).

Um ponto fundamental da obra de Tristan é: a emancipação das mulheres contribuirá para a emancipação do proletariado. As mulheres estão abaixo do proletário, são oprimidas pelos proletários, logo deve-se, primeiro e antes de tudo, arrancar as amarras da servidão da classe feminina. Com isso, a consciência da classe operária oprimida tornar-se-á extremamente difundida. Entretanto, para conseguirmos essa tão requerida etapa, é necessária a união! Hoje em dia, não só a união dos proletários e das mulheres, mas também a união de todos os povos oprimidos: negros, LGBTs, indígenas, etc. para que possamos tornar a revolução realidade, para que possamos mudar o mundo, como bem dizia a décima primeira tese sobre Feuerbach de Karl Marx: “Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo.”.

- Cauan Elias.
- Bibliografia: TRISTAN, Flora (2016). União Operária. São Paulo: Perseu Abramo.
KONDER, Leandro (1994). Uma vida de mulher, uma paixão socialista. Rio de Janeiro: Relumé Dumara.

sábado, 3 de novembro de 2018

Fascismo nas nossas escolas

Ana Caroline Campagnolo.
(...) Além de retirar as frases, a deputada eleita terá de se abster de criar, manter, incentivar ou promover qualquer modalidade particular de serviço de denúncia das atividades de servidores públicos, o que, segundo a decisão, é atividade própria das ouvidorias criadas pela administração pública.

“Pode-se afirmar que está em cena a liberdade de expressão em sala de aula e, ainda, o direito da criança e do adolescente, de alunos da rede escolar do Estado de Santa Catarina, ao ensino guiado pelos princípios constitucionais da liberdade de aprender e ensinar e do pluralismo de ideias e de concepções”, afirmou o juiz Giuliano na decisão. (...)

O porquê disso? A deputada eleita pelo PSL, Ana Caroline Campagnolo, ficou conhecida ao pedir que alunos filmem os professores em sala de aula e para quem ainda não entendeu ISSO é fascismo. Ana Campagnolo é uma típica política reacionária semelhante a Sarah Palin e a denuncia surgiu porque ela pediu aos alunos que filmassem os professores em sala de aula para que eles pudessem entregá-los aos bolsonaretes patrulhar ideologicamente escolas e universidades por causa do Gay Kit. A tal ex-professoa aparece como anti-petista, mas mora em um apartamento financiado por um programa de PT: o Minha Casa, Minha Vida.

Essa é a dica que esse blog dá a todos os bons alunos.

Esse tipo de comportamento controverso é defendido por pessoas ainda mais suspeitas como Olavo de Carvalho que cita: 

A Ana Caroline Campagnolo foi um pouco inábil ao lançar o seu apelo, mas em substância ela tem razão. Esses malditos professores comunistas estão exigindo um absurdo e obsceno DIREITO AO SIGILO EM SALA DE AULA. Filmar, gravar, mostrar ao mundo o que eles dizem, ah, isso não, isso nunca! Que caralho esses pústulas estão escondendo? Devemos subsidiar com os nossos impostos sabe-se lá quais segredinhos entre homens adultos e sua platéia cativa infanto-juvenil?
 

Os que se voltam contra a Caroline, fazendo-se de vítimas e coitadinhos, só provam com isso sua MENTALIDADE CRIMINOSA. Entregar crianças e adolescentes à autoridade desses tipos é um risco maior do que deixar que se eduquem a si mesmas nas ruas.

Em outra fala divulgada noutra página cita: 

"O nivel de imbecilidade é aterrador. Fanatismos se chocam entre si e a poeira levantada impede não apenas o diálogo, mas que se percebam a si próprios tanto quanto aos outros. Cada um se agarra ao seu preconceito ou idolatria favoritas e espumam de raiva entusiástica mas, no final da farrandola, vão ter de se encarar estropiados diante de um espelho quebrado. É cansativo e decepcionante assistir esta briga de cães raivosos segurando bandeiras amarradas nos olhos." Reflexão de um doutor em filosofia...

Olhe bem a foto...
Vamos ver se entendemos o que está sendo proposto, a volta ao Macartismo? Ou à prática de acusar alguém de subversão ou de traição. O termo tem suas origens no período da História dos Estados Unidos conhecido como segunda ameaça vermelha, que durou de 1950 a 1957 e foi caracterizado por uma acentuada repressão política aos comunistas, assim como por uma campanha de medo à influência deles nas instituições estadunidenses e à espionagem por agentes da União Soviética. (fonte Wikipédia) pois em meio ao desespero que muitos coxinhas, direitosos apresentam desde 2013, em que o Brasil se transformaria numa ditadura como a Venezuela entregou o nosso país ao pior tipo de gente ligado ao messianismo neopentecostal, declaradamente em guerra com a Igreja Católica e seus seguidores, ao sionismo internacional, que não quer outra coisa, senão alinhar os interesses do país a guerra ensandecida entre radicais judeus e islâmicos onde nenhum dos lados jamais irá abandonar qualquer resolução de ter Jerusalém como capital e cidade sagrada das religiões sitiantes.

Vale lembrar de que coisas como Kit Gay, assim como Escola sem partido ou até ensino religioso nas escolas públicas não são nem bem-vindas como não são incentivadas nesse blog e nem pelos autores deste.

sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Guia de como sobreviver ao fascismo

Uma verdade universal... aguardemos!
1. Em primeiro lugar, calma. O medo é natural e inevitável. O importante é evitar o segundo estágio: o pânico. Porque o pânico gera ações irracionais que só agravam o problema da segurança. Reconheça as ameaças, mas não aumente o valor delas. Não difunda videos que mostrem o adversário em posição de superioridade. Exceto se for para denunciar uma violência que você sabe ser real. Não difunda mensagens pessimistas e de medo. Nem bazófias autossuficientes de heróis de teclado que nada farão. Seja discreto.

2. Se possível saia de algumas redes sociais. Informe-se com os companheiros anarquistas sobre segurança digital. Se tiver que usar para trabalhos escolares ou relações pessoais, não poste coisas polêmicas, mas também não fique em grupos emq ue haja fascistas declarados. Eles sabem sua opinião, vão provocá-lo. Mesmo se for um parente seu, pode inadvertidamente denunciar você para alguém que conhece seu patrão, por exemplo.

3. Não faça atividade política sozinho. Não vista roupas com mensagens revolucionárias sozinho. Não aceite provocações na rua. Especialmente em bares e festas. Ali, todos poderão estar animados por drogas para exercitar mais a violência. Mas, de novo, também não fique em pânico. Fascistas são covardes. Não agridem sozinhos, apenas em bandos. Desvie de bandos. Não rebata ofensas, mas não se deixe humilhar. Vá embora. Não ameace ninguém. Se preciso, pode se vingar, mas não avise antes, por supuesto.

4. Faça reuniões mensais com pessoas que pensam como você. Isso reforça a sensação de que não está só. Busque alegria em jantares e pequenas festas. Evite as grandes. Seja solidário com companheiros perseguidos, mas faça como Cristo manda: ninguém precisa saber que você ajudou.

5. Sem prejuízo de outros, leia livros de quem enfrentou o fascismo: Durruti, Stalin, Trotsky, Gramsci, Dimitrov e, especialmente, Togliatti. Não tenha preconceito ideológico agora. Só com a extrema direita.

6. Cuide da saúde física também. Faça algum esporte leve pelo menos. Caminhada, bicicleta. Sinta o vento ao rosto. Beba com moderação. Encha a cara de vez em quando com os amigos. De preferência em locais já bem conhecidos.

7. O fascismo no Brasil vai ficar por algum tempo na sua primeira fase. Aquela de Mussolini entre 1922 e 1926. Com parlamento funcionando, mas com violências dispersas, perseguições, delações, achincalhamento virtual, invasão de espaços culturais e universitários por bandos de energúmenos, agressões físicas, repressão a manifestações públicas e assassinatos de pobres na periferia. Eu sei que isso já acontecia, mas agora é outro patamar. Mas haverá espaço para crítica e este é o problema que comentaremos no pŕoximo item.

8. O espaço de crítica tem que ser usado com cuidado. Os fascistas marcarão o que você diz. Se considerarem que ameaça seu poder, reagirão. Por isso, apareça menos. Procure reforçar suas ideias lateralmente, com temas menos explícitos. Participe de instituições de sua categoria mesmo dirigidas por reacionários e observe. No cotidiano, converse com as pessoas sem agressividade. Ouça. Avalie seu interlocutor. Se ele for militante fascista, abandone-o. Se for um apoiador indeciso, introjete em sua mente conteúdos críticos. Para que ele vá além da aparência. Dialética é isso. Diálogo mais contradição. Não há ideologia sem o seu contrário. E se for uma pessoa democrata, busque consensos em torno disso, como explicarei no próximo item.

9. Uma derrota histórica da esquerda, joga também os liberais e conservadores democratas no mesmo terreno que nós. Assim como o golpe de 2016 fez a classe trabalhadora recuar e abandonar as novas formas de ação política, agora ela vai se agarrar ao mínimo comum: a democracia que lhe garante um terreno para defender os seus direitos. Com os trabalhadores devemos falar de democracia e economia porque eles são mais inteligentes. Com a pequena burguesia democrática devemos falar de democracia porque além disso teremos divergências inoportunas.

10. Nada está perdido. Confie na história. Já houve momentos piores. Estamos num ciclo recessivo associado à derrota de um ascenso político de esquerda. Leia poemas e mensagens otimistas de Mao, Ho Chi Minh, Brecht, as Instruções para esquivar o mau tempo de Paco Urondo e outros. Cuidado ao portar livros porque fascistas não leem e desconfiam de leitores. Use capas anódinas, cobertas de outro papel. Mas não desista, o fascismo é em si mesmo uma reação desesperada de uma classe agonizante. Parece eterno. Não é. Será derrotado como o foi em todas as outras ocasiões da história.

Alex Prouchnoj

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

O dia das bruxas na Espanha

A frase é um dito popular em castelhano — «No creo en brujas, pero que las hay, las hay» —, ao qual se atribui origem "galega". Com efeito, a figura da bruxa (ou da "meiga", como se diz em galego) está muito arreigada na Galiza, pelo que a forma original da frase, é «eu non creo nas meigas, mais habelas hainas» («Nom creio nas bruxas, mas have-las, hai-nas» na versão reintegrata).

Este dito pode ter chegado até à língua portuguesa por via popular, pelo contacto (no Brasil ou em Portugal) entre falantes de castelhano e galego, por um lado, e português, por outro. Outra hipótese é a de que tenha surgido por via literária, por exemplo, através do famoso escritor espanhol de origem basca Miguel Unamuno, que manteve laços estreitos com os meios intelectuais de língua portuguesa de início do século XX.


Note-se que as histórias e lendas acerca de bruxas têm, em Espanha, particular incidência no Norte, por exemplo, nas regiões da (já referida) Galiza e de Navarra. Sobre este assunto, e em ligação com a história da Inquisição, leiam-se as obras Las Brujas y Su Mundo (1961) e Vidas Mágicas e Inquisición (1967), de Julio Caro Baroja. Também
 El Bosque Encantado, em memória de Maria Solino, a bruxa de Cangas.

domingo, 28 de outubro de 2018

Canções de resistência

"Palavra e som são meus caminhos pra ser livre
E eu sigo, sim
Faço o destino com o suor de minha mão
Bebi, conversei com os amigos ao redor de minha mesa
E não deixei meu cigarro se apagar pela tristeza
Sempre é dia de ironia no meu coração

Tenho falado à minha garota
Meu bem, difícil é saber o que acontecerá
Mas eu agradeço ao tempo
O inimigo eu já conheço
Sei seu nome, sei seu rosto, residência e endereço
A voz resiste. A fala insiste: Você me ouvirá
A voz resiste. A fala insiste: Quem viver verá"


(Não leve flores, Belchior) 

"Não boto bomba em banca de jornal
Nem em colégio de criança isso eu não faço não
E não protejo capitão de dez estrelas
Que fica atrás da mesa com o c* na mão"

(Renato Russo)

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso Estado, que não é nação... 


( Legião urbana)

domingo, 21 de outubro de 2018

Unlisted words ou palavras que não se acham em dicionários de inglês

Em anos vividos na Inglaterra ou EUA, nunca se ouve ninguém dizer alguma palavra equivalente às versões portuguesas que se seguem abaixo. No entanto, a primeira não pode ser tão universal como "aniversariante". Todo ser humano, é um aniversariante uma vez por ano e comemorar ou ao menos lembrar desta data é algo que quse toda humanidade faz. Mas como chamar em inglês, em sua data, a pessoa que aniversaria? Somente se for a longa frase the one who is having or her birthday.

"Despachante" como "quebra-galho" informal de tudo quanto é repartição pública a serviço de pessoas que, necessitando solução a problemas borocráticos, recorrem a ele para desatar nós, mediante pagamento (ao despachante) e propina (ao facilitador). Existem termos para despachantes alfandegários (customhouse brokers), despachantes de companhias de navegação (shipping/forwarding agents). Mas o despachante informal e autônomo, de porta de repartição, é cria da cultura burocrática brasileira cujo nome da atividade não existe em inglês. Existe o "quebra-galho" em geral e não existe o chamado "despachante" - é o trouble-shooter.

Para "madrugada", existem a.m., early morning (manhã cedo), dawn/daybreak (amanhecer), early/small hours (1 a 4 horas da madrugada/manhã), mas uma palavra específica equivalente a "madrugada" não existe em inglês.

domingo, 14 de outubro de 2018

Enxertos da língua galega

Padre Feijóo.
Pe Feijóo opina: "a língua lusitana e a língua galega são o mesmo" (I, 14: 1726); "Que a língua lusitana ou galega seja considerada um dialeto separado da língua latina, e não um subdialeto ou corrupção da língua castelhana" (XV); e também: "o lusitano, em que eu noto, deve incluir a língua galega, como de fato indistinta dos portugueses, por ser muito poucas vozes em que discordam e a pronúncia das letras em todas as semelhantes, e assim os indivíduos são perfeitamente compreendidos das duas nações, sem alguma instrução antecedente ".


Pe. Sarmento
Padre Sarmento"a pura língua portuguesa não é outra senão a extensão do galego" (1755.1974: 30); "Não assim que os portugueses; pois, como tinham seu próprio monarca, introduziram nos escritos públicos e privados esse primitivo vulgar, comum às duas classes de lucenses galegos e bracharenses; A qualificação, com o tempo e com o exercício da própria escrita, foi feita como um dialeto diferente, e é o que hoje chamamos de português; embora ainda tenha tanta semelhança com o vulgar galego, que hoje se fala, que nem todos sabem discernir. (1775: 465, 202) ".

sábado, 13 de outubro de 2018

Poemas, canções e citações sobre as eleições de outubro

"Não sei por que todos me adoram se ninguém entende as minhas idéias." (Albert Einstein)
"A juventude envelhece, a imaturidade é superada, a ignorância pode ser educada e a embriaguez passa, mas a estupidez dura para sempre." (Aristófanes)

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Resistindo ao fascismo

Meninos sem Pátria, de Luiz Puntel
Depoimento de um usuário do facebook confirma os tempos difíceis  que vem por aí...

Hoje fiquei sabendo que o Colégio Santo Agostinho deixou de utilizar o livro “Meninos sem Pátria”, de Luiz Puntel, por conta da pressão de pais de alunos acusando que a obra defendia posições de esquerda. O livro foi baseado na história da minha família, em que meus pais, com 7 filhos pequenos, tiveram que fugir da ditadura brasileira e chilena para sobreviverem.

Sem ser uma obra de objetivos políticos ou ideológicos, a história defende a democracia e relata o sofrimento das pessoas que foram perseguidas pelas ditaduras militares, apenas pelo que pensavam. Estamos vivendo momentos tenebrosos com pessoas defendendo este período nefasto da nossa história, inclusive um candidato a presidente.

Não nos dobraram antes, não irão nos dobrar agora!

A vida é feita de lutas!
Democracia sempre!!!

Este blog reserva o direito de não informar o nome de ninguém para publicidade negativa.

domingo, 16 de setembro de 2018

As histórias de R. Töpffer

A história começa quando o pesquisador André Caramuru Aubert leu no jornal o nome Rodolphe Töpffer (1799-1846), foi até a estante que continha os livros que seu avô trouxera da Europa para o Brasil e descobriu um tesouro para os entusiastas das histórias de quadrinhos. No móvel havia a primeira edição de "Histoire de Monsieur Jabot".  Desenhada em 1831 pelo suíço Töpffer e publicada em 1833, e é considerada uma das primeiras HQs do mundo.

"Töpffer era pintor mas teve um problema ocular, preferindo as linhas feitas a pena", diz Aubert. Jabot é um homem atrapalhado de classe média que busca lugar na alta sociedade, para isso chamando a atenção como pode. Ele visita um baile, discute com os presentes e dança com as mulheres.
Töpffer diz: 'Após as saudações, M. Jabot volta à sua posição'

O pesquisador diz que a ausência de balões poderia tirar de "Monsieur Jabot" o título de primeira HQ do mundo, mas afirma que o trabalho é "com certeza, o primeiro quadrinho longo". "Töpffer inventou as graphic novels."

Destacamos abaixo os dois volumes publicados pela SESI-SP:

Monsieur Cryptogame foi uma das primeiras histórias a ser desenha por Töpffer. Em fins de 1830, quando o autor arriscou enviar um álbum para Goethe, Weimar, Cryptogame foi o escolhido. A recepção entusiástica do velho poeta alemão não fez com que Töpffer o publicasse naquele momento, mas teve uma grande parcela de responsabilidade por tudo o que veio depois em sua obra. Três anos depois, Monsieur Jabot entrou para a história como a primeira HQ publicada, vieram outros álbuns, até que em 1844 foi publicado, finalmente Monsieur Cryptogame. Mas esta HQ ainda carrega outra marca de pioneirismo: quando o jornal L’Illustration surgiu em Paris, em 1843, inaugurando a imprensa ilustrada na França, Cryptogame foi a história em quadrinhos escolhida para aparecer em suas páginas, de maneira serializada. Assim, se as tirinhas nos jornais têm uma história, ela começa bem aqui.

Em sua detalhada apresentação, Caramuru relata toda a história do aparecimento dos volumes em suas mãos, justifica a denominação de Töpffer como o criador da primeira HQ, que, entre outros pontos, era diferente de tudo o que já havia sido feito até então. Constam ainda excertos das cartas de Goethe com comentários sobre os álbuns que recebeu de Töpffer. As palavras elogiosas do poeta foram propulsoras para que o autor decidisse publicar seus trabalhos e prosseguisse para a impressão em larga escala. “O que Töpffer criou foi algo, de fato, inédito. As suas histórias, como muitos dos quadrinhos atuais, se parecem com storyboards de filmes. Ou seja, o que ele estava criando era de fato uma nova linguagem, na qual a imagem se punha em movimento e se integrava perfeitamente ao texto, sem que um fosse mais importante do que o outro. E Töpffer sabia o que estava fazendo, com plena consciência do ineditismo de seu trabalho. Tanto que teve muito cuidado antes de publicar, fazendo-o apenas anos depois de ter desenhado o primeiro álbum, e somente quando se sentiu suficientemente endossado”, afirma Caramuru. 

sábado, 15 de setembro de 2018

Poesias galegas

“Pero un fato de traidores,
con forte axuda estranxeira,
en nome de Xesucristo
arrasou vilas i-aldeas.

Atila cos seus salvaxes
non fixo tanta estrangueira
¡Un inferno de barbarie!
¡Terrible visión dantesca!

Mulleres escarñecidas,
homes mortos coma feras;
rapaciños esmiolados,
porque dis que “roxos” eran.

Mozas, marcadas a fogo
ou rapada a cabeleira,
son paseados pol-as ruas
como un ouxeto de befa.

Os mais atroces martirios,
as vexacións máis tremendas,
o feixismo enlouquecido,
por todal-as partes sembra.

A Inquisición ergue a croca
pior que na Idade Media,
i-unha bandada de corvos
arredor voa da presa.

Matarifes alquilados,
banqueiros, xente de igrexa,
señoritos lacazáns
i-a máis inmunda raleia.

¡Probe Galiza, que sangras
por mil feridas abertas!
¡Malia qénes che as fixeron!
¡Malia quénes che encadean!..


[estrofas de “GALIZA. Hoxe non eres a de antes” de Ramón Rey Baltar].


Lembranza de Alexandre Bóveda

Ti eres lume vivo, acesa chama,
roita irreversíbel de futuro;
potente trebón que berra e crama,
¡home do pobo, asoballado e puro!

Eres a luz, o guieiro i a bandeira
chantada nos cumes de Galicia.
¡Eres a voz limpa e verdadeira!
¡Eres o pan, o viño i a ledicia!

Ouh Alexandre Bóveda, paixón núa,
furacán potente e desatado:
¡qué exempro foi a morte túa!
¡Qué cantidá de amor sacrificado!

Ouh Alexandre Bóveda, meu irmao,
pai desta patria triste, escura.
¡Invoco a Rosalía, a Castelao…!
¡Nomeo a vida túa, nobre e pura!

Ouh Alexandre Bóveda, semente,
Colleita fidel de lealdade:
¡si vive Galicia i a súa xente
túa morte non pode ser verdade!


(Manuel María, Monforte de Lemos 1971)

domingo, 9 de setembro de 2018

Que língua é essa?

Como acontece com outros idiomas, o português também possui diferenças regionais. Em Portugal e vários estados brasileiros, há palavras e expressões que têm significados diferentes. No Rio de Janeiro, mandioca é aipim, enquanto no Rio Grande do Sul, amargo é chimarrão. Hoje A Raposa Preppie publica uma coletânea de palavras e expressões em gauchês:
  • Andar no cortado: viver sob vigilância.
  • Barbicacho: o que amarra o chapéu, das orelhas até debaixo do queixo.
  • Bodega/bolicho: bar ou armazém.
  • Bombacha: calça larga, adequada ao trabalho de campo.
  • Bugio: ritmo e dança nativos.
  • Colorado: vermelho. É a cor do Internacional, um dos dois grandes times de futebol do Rio Grande do Sul.
  • Coxilha: elevação suave, indissociável da paisagem dos pampas gaúchos.
  • Faca-na-bota: pessoa valente.
  • Gaudério: homem dos pampas, seguidor das tradições.
  • Guaipeca: cachorro.
  • Maragato: apelido dos federalistas da Revolução de 1893. Os maragatos usavam lenço vermelho, enquanto que os republicanos ou chimangos, usavam lenço branco. Até hoje, descendentes dos dois lados adotam as cores dos antepassados nesses adereços.
  • Minuano: vento frio que vem da Patagônia, no sul do continente e cruza todo o Rio Grande do Sul.
  • Pilcha: vestimenta composta de bota, bombacha, camisa de manga comprida, colete, lenço e chapéu.
  • Xote: ritmo típico do Rio Grande do Sul.
  • Xucro: rebelde, grosso. Refere-se a cavalo ou terra. Também se diz do homem avesso à vida em sociedade.

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Novamente a polêmica do Kit Gay mas o que diz o livro infantil criticado por Bolsonaro?

Devido a mais uma polêmica levada devido a uso de um livro paradidático nas salas de aula devido ao teor pornográfico aos estudantes, A Raposa Preppie reproduz a reportagem exibida no Catraca Livre sobre o tema:
O livro em questão.

Na noite da última terça-feira, 28, durante entrevista no Jornal Nacional, o candidato Jair Bolsonaro  levou o livro infantil “Aparelho Sexual e Cia” à bancada do programa. Em um momento da acalorada conversa, o candidato à Presidência da República tentou mostrar às câmeras o conteúdo da publicação e, a plenos pulmões, enfatizou: “Um pai não quer chegar em casa e ver o filho brincando com boneca por influência da escola”.

Dada à repercussão, o jornalista Bruno Molinero, da Folha de S. Paulo, esmiuçou o conteúdo da obra escrita pelo autor suíço Philippe Chappuis – traduzida para mais de dez idiomas e que teve cerca de 1,5 milhão de exemplares vendidos. Chegou ao Brasil pela Companhia das Letras em 2007. 9Em inúmeros países da Europa, como a França, a publicação inspirou uma exposição infantil sobre sexualidade, com informações e atividades inspiradas nos capítulos.

Já no Brasil, em 2015, a Promotoria do Distrito Federal cobrou esclarecimentos sobre o livro à Companhia das Letras. Isso porque, pais questionaram o conteúdo de “Aparelho Sexual e Cia.”, adotado por um colégio.

Um ano depois, Jair Bolsonaro divulgou um vídeo em suas redes sociais onde resumia o livro a “uma porta aberta para a pedofilia” e afirmou que ele fora comprado por programas federais como o PNBE (Programa Nacional Biblioteca da Escola) e o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático). A obra, na verdade, foi adquirida pelo MinC (Ministério da Cultura) para bibliotecas. E, ao contrário do que Bolsonaro insiste dizer, o MEC garante que o livro nunca esteve nos programas de distribuição de materiais didáticos. Mas, afinal, o QUE DIZ O POLÊMICO LIVRO?



“Dividido em seis capítulos, é um guia que utiliza toques de humor e linguagem de histórias em quadrinhos para falar sobre sexualidade, amor e relacionamento para o público infantojuvenil. Voltando ao livro, o primeiro capítulo fala de relacionamentos. O que é estar apaixonado? O que é sair com alguém? Como é beijar? O seguinte discorre sobre a puberdade e as mudanças corporais sofridas por garotos e garotas: mudanças na voz, crescimento dos seios, surgimento de pelos, acentuação dos odores etc.

Em seguida, vem a parte do sexo. Com linguagem didática, perguntas diretas e respostas claras, a obra explica o que é transar, o que é uma ereção, como funciona o orgasmo e a anatomia dos órgãos sexuais. A informação quase sempre é precisa e sem tabu.

Sobre o que é transar, por exemplo, o livro diz: “Quando você sente atração por uma pessoa, fica a fim de se aproximar cada vez mais dela. Assim, os namorados vão unir seus corpos pelos órgãos genitais. O órgão masculino é que vai penetrar o feminino”.

O quarto capítulo aborda a maternidade e a corrida dos espermatozoides rumo ao óvulo, mesclando ciência com linguagem de tirinhas de jornal. Depois é a vez de falar sobre contracepção e higiene. Por fim, há um serviço completo sobre quem procurar em casos de abuso ou pedofilia”.

Durante todo o livro, o personagem principal interage com o universo da sexualidade procurando gerar um efeito cômico. Ele se beija no espelho para treinar, não entende muito bem como funciona uma relação sexual e, muitas vezes, imagina as coisas da maneira mais literal possível.

Outro livro só encontrado em livrarias.
Ao contrário da histeria criada por determinados setores da política nacional,  “Aparelho Sexual e Cia” apresenta um conteúdo semelhante a de outras publicações para o público infatojuvenil. A exemplo da série publicada pela editora Melhoramentos no início dos anos 2000 com os títulos “Coisas Que Todo Garoto Deve Saber Sobre Garotas”, “Coisas Que Toda Garota Deve Saber Sobre Garotos” e “Beijos – Coisas Que Todo Mundo Quer Saber”.

Segundo recomendação da Unesco, a abordagem da educação sexual e de gênero nas escolas pode ser fundamental na prevenção à violência contra as mulheres. Em 2014, lançou um guia para os professores brasileiros sobre como abordar o conteúdo em sala de aula.

Ao contrário do que disse Bolsonaro, o MEC garante que nenhum desses livros nunca esteveram nos programas de distribuição de materiais didáticos...

Afinal de contas, um livro pode te fazer gay?

sábado, 18 de agosto de 2018

O lento fim da Editora Abril

O Pato Donald nº 1 (1950)
O encerramento das publicações Disney pela Editora Abril é apenas um dos mais recentes sinais da crise pela qual o Grupo Abril vem passando. E não é de hoje: desde a década passada, o grupo vem se desfazendo de suas marcas/parcerias/propriedades de mídia como Uol, TVA, MTV Brasil, HBO Brasil, ESPN Brasil, Eurochannel etc., e de dezenas de revistas tradicionais em vários segmentos como Contigo!, Men's Health, Capricho, Playboy, DC Comics etc. E agora, Disney, o que parece que o grupo não vai sobreviver até o fim da próxima década. Aqui vai um trecho que foi publicado n'O Globo.

"Acabou o casamento que durava 68 anos entre a editora Abril e a Disney. As revistas em quadrinhos de personagens como o Pato Donald, que foi a primeira publicação da casa editorial fundada por Victor Civita, não serão mais publicadas a partir de junho. Os últimos números com chancela da Abril irão às bancas e serão entregues aos assinantes em julho. Depois disso, não se sabe o destino do licenciamento.

Embora vários blogues especializados como o Planeta Gibi e o Universo HQ tenham dado a notícia, a redação responsável pela edição das revistas dentro da Abril não confirmou a interrupção da linha Disney. Foi o departamento de assinaturas da editora, por meio de uma carta do seu diretor, Ricardo Perez, aos assinantes, que acabou sendo o mensageiro das más notícias."

Pata Lee, personagem secundária.
Vários sites assim como este vem lamentando uma época histórica que muitos de nós, nascidos nas décadas de 1960 a 1990 testemunhamos muitas publicações realizadas pela editora que enterneceram gerações. Especula que a Panini, que detém os direitos de publicação da Disney na Itália possa dar novo lar as publicações assim como aconteceu com as de DC, Marvel e Mauricio de Souza. Mais uma vez podemos ver que inovações tecnológicas junto a aliança aos governos nos últimos 25 anos e mudanças das gerações de leitores provocando decadência e não havendo renovação ao número de jovens leitores da Disney, onde apenas adultos e pessoas muito mais velhas dão resultado a essa crise que passa a nona arte no Brasil.

domingo, 5 de agosto de 2018

As assustadoras previsões de Donald Trump em livros do século XIX

A internet foi abalada por um frenesi depois de vários livros escritos há mais de 100 anos, sobre as aventuras de um garoto chamado Barão Trump. Ingersoll Lockwood, escritor e romancista político americano, escreveu dois livros infantis intitulados: "A maravilhosa jornada subterrânea do Barão Trump", e "O pequeno barão Trump e seu maravilhoso cão Bulgar", bem como um tomo ameaçadoramente intitulado: "O último presidente", consignou o Daily Mail.

Frontispício de Baron Trump's Marvellous Underground Journey.

Os títulos dos livros e as conexões com o presidente Donald Trump e seu filho Barron são apenas o começo de vários coincidências assustadoras. Nos livros infantis, os romances contam a história de um garoto rico e aristocrático que vive em 'Castelo Trump' e é guiado em sua viagem à Rússia por um homem chamado 'Don'. O romance infantil diz "O caminho para a glória é cheio de armadilhas e perigos" é o slogan da família Trump escrito no final de 1890 pelo autor americano Ingersoll Lockwood. 

De acordo com as histórias, o pequeno Barão, entediado com sua vida de luxo e tem uma imaginação ativa e um "cérebro muito ativo", visita a Rússia em uma extraordinária aventura. Barão guiou-se através de sua aventura por "o mestre de todos os mestres", chamado "Don". Nas ilustrações da história do barão Trump, ele é luxuosamente vestido e adornado em jóias, enquanto ele deixa Trump Castle e começa sua jornada para a Rússia para encontrar uma entrada para as dimensões alternativas.


"The Last President", seu último livro.

Lockwood, como mencionado antes, também era um autor político. Ao contrário de seus livros infantis, escreveu o romance político "O Último Presidente", onde a história se abre em Nova York em tumulto. É no início de novembro logo após a eleição de um candidato extremamente oposto. A Casa Branca poderia ser o "Castelo Trump", de acordo com o volume do século XIX, chamado Casa do Barão Trump. O lado leste da cidade, onde a Marcha das Mulheres começou no dia seguinte à inauguração do governo de Donald Trump, está em um "estado de agitação". O livro diz que policiais gritavam pelas ruas como "grandes multidões estão sendo organizadas sob a direção de anarquistas e socialistas, e ameaçam saquear e saquear as casas dos ricos que os ofenderam e oprimiram durante tantos anos. "O Fifth Avenue Hotel será o primeiro a sentir a fúria da multidão", continua o romance. E no final houve uma cena de manifestantes se aproximando de Trump na 5ª Avenida, o dia em que o presidente Trump foi inaugurado, em 21 de janeiro de 2017. A Marcha das Mulheres terminou a apenas dois quarteirões da Trump Tower, localizada em a quinta avenida. Os manifestantes não se encontraram em frente à torre devido às barricadas policiais.

Barron Trump foi para a Rússia para explorar um portal para outra dimensão, uma alusão à viagem no tempo? Ninguém sabe, mas muitos exploram essas coincidências na internet.

sábado, 4 de agosto de 2018

Conheça o seu vocabulário, elemento!

Papa Maique Foxtrotes
Como acontece com outros idiomas, o português também possui diferênças regionais e inclusive girias entre determinados grupos profissionais. A Raposa Preppie tem a honra de publicar um pequeno vocabulário com termos usados pela polícia.

* Alfanumérica: número de placa de carro.
* Autuar: serve para designar registro de qualquer infração penal.
  
"Os elementos foram autuados em flagrante".

* Brevidade: rapidez, pressa. Se a brevidade estiver quentinha, é numa padaria.

"Proceda com brevidade ao local suspeito de homizio dos elementos."

* Charles Bravo: cabo da PM.
* Correto: Sim, entendido, ciente.
* Deslocar: andar, seguir.

"A viatura está em deslocamento para o local da ocorrência".

* Diligência: investigação. Donde se conclui que, em matéria de investigação, a polícia está no tempo das diligências (hehe).
* Doutor Delpol: delegado de polícia.
* Elemento: eliminou a palavra e assumiu o seu lugar (KKK).
* Elemento suspeito: geralmente é feio, pobre e mora longe. E tem cara de ladrão.
* Evadir-se: fugir. 

"Os incursos, ou seja, os criminosos, não fogem. Evadem-se".

* Extorsão: palavra que não existe mais no dicionário policial. Foi roubada.
* Genitora: mãe

"O elemento que escreve uma coisa dessas não tem genitora".

* Homizio: esconderijo.
* Incursão: batida policial.
* Lavrar a ocorreência: significa fazer o registro (De quê?) da ocorrência, ora.
* Negativo: Não, o inverso de positivo.
* NF: necessidade fisiológica.

"Todos tem necessidade de proceder uma NF de vez em quando".

* Ocorrência: fato policial.
* O mesmo: expressão que serve para designar o outro.

"O elemento foi detido em atitude suspeita e está sendo conduzido. O mesmo está incurso no artigo".

* Operação pneumático: troca de um pneu na viatura.
"Pneumático carecou, PM trocou".

* Papa Índio: embora pareça apelido de vingador do bispo Sardinha, significa pé-inchado. pobre coitado.
* Papa Maique: policial militar.
* Papa Maique Foxtrote: elemento feminino da Polícia Militar.
* Positivo: sim

"A pilha elétrica tem dois polos: o positivo e o negativo, correto?"
"Positivo, apesar do negativo."

* Proceder: o verbo da ação.
Policial não vai a determinado lugar, mas procede ao local; ele não almoça, mas procede uma RF etc.

* RF: refeição.
" O objetivo da Campanha contra a fome é a de que todos os brasileiros possam proceder diariamente uma RF."

* Trinca: maneira complicada de dizer três.
* Viatura: tem quatro pneus, motor, mas os civis insistem em chamá-la de carro.
* Zulu: a letra Z.

"O som produzido pelas abelhas é representado por uma trinca de zulus: ZZZ!"

Até mais...

domingo, 29 de julho de 2018

Curiosidades do Pato Donald

Parabéns, pato!
Aproveitando esse último domingo de férias escolares, A Raposa Preppie, vai postar algumas curiosidades sobre um dos mais conhecidos personagens de histórias em quadrinhos que ainda conquista nossos corações com seu jeito briguento de ser, o Pato Donald.
  • O nome completo do personagem é Donald Fauntleroy Duck.
  • A primeira frase dita por Donald em "A Galinha sábia", seu desenho de estréia, foi: "Quem? Eu? Oh, não, eu estou com dor de barriga."
  • O pato já participou de 196 filmes, ganhando um Oscar especial por "A face do Führer" de 1943, no qual o personagem joga um tomate na cara de Adolf Hitler. Além disso, esteve no Brasil em três longas metragens: "Alô amigos" (1943), "Você já foi à Bahia" (1945) e "Tempo de melodia" (1948).
  • A eterna namorada do pato, Margarida, era mexicana e atendia pelo nome de Donna Duck.
  • Em 1994, a Another Rainbow, uma empresa licenciada pela Disney, produziu cem estatuetas em porcelana chinesa para celebrar os 60 anos do personagem. Um colecionador norte-americano comprou a peça nº 1 por US$ 12,300.
  • No Brasil, a editora Abril lançou a revista do Pato Donald em 1950, ainda em circulação. Um dos exemplares da edição nº 1 foi trocado por um fusca. Já a edição 2.222 da revista publicada em 2001, trazia Donald e seus sobrinhos indo nadar.

sábado, 21 de julho de 2018

Bélgica e seus quadrinhos

Não é à toa que a Bélgica é um dos países com maior reconhecimento internacional nos quadrinhos, já que a sua própria seleção tem uma HQ! Trata-se de Les Diables Rouges, Os Diabos Vermelhos (apelido da seleção daquele país). Desenhado pelo artista belga Stédo e publicado neste ano de 2018, com o subtítulo de “A Epopeia Russa, a HQ conta as aventuras da seleção no mundial bem ao estilo de Asterix e Companhia.


Os quadrinhos estão entre as melhores criações da Bélgica.

Tintim, criando em 1929 por Hergé, é um dos mais famosos personagens de quadrinhos do mundo. O personagem é um intrépido repórter que, junto ao seu inseparável cãozinho Milu (Milou, no original), resolve mistérios pelo mundo a fora. Já foi traduzido para mais de 50 línguas e recebeu adaptações para animação, teatro e cinema. Duas aventuras do repórter foram alvo de controvérsia por representarem de maneira caricata e preconceituosa povos de outras nações. Sobre isso, o próprio autor se desculpou: "Ao conceber Tintim no Congo e Tintim no País dos Sovietes, ele estava sustentado por preconceitos do meio burguês no qual vivia. (…) Se tivesse de refazê-los, os faria de outro modo, certamente."
Fonte: Enciclopédia Capanga

domingo, 24 de junho de 2018

Aforismos e curiosidades sérios ou não

Albert Einstein, assim como outros famosos, era disléxico. Segundo especialistas, o QI (Quociente de Inteligência) acima da média é uma das características da dislexia.  Napoleão Bonaparte tinha um pênis de 3,8 cm.

Assim prepare-se para alguns aforismos e curiosidades que A Raposa Preppie trouxe para vocês. E viva São João...
"Felicidade é realizar na fase adulta os sonhos da juventude." Léon Blum
"O que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo." Clarisse Lispector
"Até hoje não houve filósofo que padecesse pacientemente de uma dor de dente." William Shakespeare
"Ninguém fica com raiva sem razão, mas raramente essa razão é boa." Benjamin Franklin
"Don't try anything funny!" (Não tente nada engraçado) Rhubella Marie Rat

Ainda sobre a situação que se descortina no país e no mundo, me vejo obrigado a citar o livro "1984 " de George Orwell : "Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado".

sábado, 23 de junho de 2018

Poemas galegos

Aproveitando os festejos de San Xoán, día moi especial en Europa e unha das máis importantes festas juninas no Brasil, esta edición do blog A Raposa Preppie está dedicada a poetisa galega Helena Villar Janeiro co seu poema Noite de San Xoán.

Aproveitando os festejos de São João, dia muito especial na Europa e aqui uma das mais importantes festas juninas, essa edição do blog A Raposa Preppie é dedicada a poetisa galega Helena Villar Janeiro com seu poema Noite de San Xoán.


“Salto por enriba do lume de San Xoán,
para que non me trabe nin cobra nin can”
Popular
Vas pasar hoxe a noite de San Xoán,
señardade do lume,
agoiros de perigo na auga avolta.

Sobre a tona do río non nacen sabugueiros
e ovos, se os atopases,
serían chocos dunha serpe anfibia
reminiscencia inmunda doutro edén
no que naceu a culpa.

¿Onde buscar as noites que non son,
as que non houbo quen tornase a tempo,
todas as que deixamos de vivir
porque pasaron lonxe
aínda levando dentro
o que nunca quixemos
nin sentimos?

O río está tan orfo coma ti
da abenzoada flora
que che mantivo a crenza
dunha resurrección en albas puras
emerxendo das augas perfumadas.

Silva macha, fiuncho,
fieito, espantademos,
codeso, malva, menta,
verbena, herba abelleira,
néveda, trevo, cálsamo,
aquilea e romeu.

Non podes estoupar
os tróqueles inflados
no rito que te envolve
xogando a vida entre a dixitalina
da divina inconsciencia.

Para atopar a noite de San Xoán
perdida por algures,
vívea en vixilia
mentres chega o albor.

Daquela inclínate
a mirarte nas augas que atravesas
e agardan a túa imaxe serenada.

E seguirás a verte
como inda fuches onte.

Sempre a resurrección é procurada
pero tan só se cumpre no desexo.


H.V.J (Remontar o río, 2014)

domingo, 17 de junho de 2018

O que é um sistema onomástico nos nomes?

Sistema onomástico é o conjunto de regras legais ou consuetudinárias (da tradição) que um país (ou uma cultura) adota para dar nomes às pessoas e às coisas. Aqui vou abordar apenas do sistema de nomes próprios pessoais, os antropônimos.

A Islândia adota um sistema quase que puramente patronímico, ou seja, o "sobrenome" do filho faz referência ao prenome do pai:

- "Samúel Friðjónsson" significa que Samúel é filho de Friðjón.
- "Aron Gunnarsson" significa que Aron é filho de Gunnar.

Se Samúel tiver um filho chamado Gunnar, o nome completo dele será "Gunnar Samuelsson".
Se Aron tiver um filho chamado Friðjón, o nome completo dele será "Friðjón Aronsson".
Se for uma menina chamada Sigríður filha de Samuél, será "Sigríður Samúelsdóttir". Se for filha de Aron, "Sigríður Aronsdóttir".

Notem que "-son" está para "filho" e "-dóttir" está para filha, cognatos das palavras inglesas "son" e "daughter".

E qual é a peculiaridade da Islândia? É o único país de cultura ocidental a manter esse sistema puramente patronímico, não havendo "sobrenomes" propriamente ditos, pois ele é trocado a cada geração. Várias outras culturas europeias adotavam esse sistema, que foi abolido em épocas distintas ao logo da História.

Nos países ibéricos, Portugal e Espanha, a desinência patronímica é o "-es" nos sobrenomes portugueses e o "-ez" nos espanhóis. Assim, "Rodrigo Antunes" era o Rodrigo filho do António. E o Nuno filho do Rodrigo era o "Nuno Rodrigues". E o Marcos filho do Nuno era o "Marcos Nunes". E o Vasco filho do Marcos era o "Vasco Marques". E o Martim filho do Vasco era o "Martim Vasques" (ou Vaz). O Pedro filho do Martim era o "Pedro Martins". E assim sucessivamente até que em um determinado momento o patronímico se "congelou" e tornou-se um sobrenome como hoje conhecemos.

Na Itália, o sistema era um tanto mais complexo, mas há paralelos. A forma mais evidente é o uso da preposição "Di" (ou "De"). "Giovanni Di Luca" era filho do Luca. O Pasquale filho do Giovanni era "Pasquale Di Giovanni". Outra forma patronímica tipicamente italiana são os sobrenomes que terminam em "-i" (apenas uma parte deles, não todos!): na frase em latim, Pietro filho de Martino é "Petrus filius Martini" (caso genitivo). Com o tempo perdeu-se o "filius" e sobrou apenas o "Martini".
De uma forma bem "grossolana" (grosso modo), pode-se dizer que a forma patronímica com "Di" ou "De" é mais comum no centro-sul da península itálica, enquanto que a desinência "-i" é mais recorrente do centro (Úmbria, norte do Lácio, Toscana) até o norte.

Muitíssimos sobrenomes vênetos perderam o "-i" por influência das características fonéticas da língua vêneta, daí Martin, Pavan, Meneghel, Visentin etc. Lembrando que a desinência "-i" nem sempre era patronímica, muitas vezes originadas de outras motivações onomásticas.

Por fim, na Rússia atribui-se um "nome do meio" (Отчество, Otchestvo) que é patronímico, mas esse nome do meio NÃO é o sobrenome da família, mas apenas um nome "cerimonial" da tradição. O presidente da Federação Russa chama-se "Vladimir Vladimirovič Putin". O sobrenome fixo nas gerações é Putin e ele não muda. O patronímico cerimonial (Отчество) é Vladimirovič pois o pai dele se chamava Vladimir, que por acaso é o mesmo nome dele. Portanto, suas duas filhas se chamam PRENOME + Vladimirovna + Putina. O sobrenome é Putina, pois é Putin flexionado em gênero.

Portanto, a diferença é que na Islândia existe um sistema onomástico patronímico puro em que os "sobrenomes" trocam a cada geração. Na Rússia o sobrenome é fixo e apenas o elemento cerimonial (Отчество) que muda.

São Tomás de Aquino e suas obras

Santo Tomás de Aquino é uma das personalidades mais importantes da filosofia medieval. Influenciou profundamente o pensamento do Ocidente por ter elaborado uma síntese da filosofia antiga e da doutrina cristã, através de um grandioso esforço especulativo, no qual razão e fé se harmonizam e filosofia e teologia se complementam. Chamado de Doutor Angélico e de Príncipe da Escolástica, Santo Tomás de Aquino foi canonizado em 1323 e proclamado Doutor da Igreja em 1567.

Uma das obras que Tomás de Aquino organizou foi a Catena Áurea a pedido do Papa Urbano IV, no final de 1262 e início de 1263. A intenção era apenas compilar os comentários dos Padres da Igreja aos Evangelhos, mas o Aquinate decidiu organizá-los numa exposição contínua, versículo por versículo, o que permite uma leitura sem interrupção, como se tudo emanasse de um único autor. A Catena é uma obra de considerável importância tanto pela originalidade da exposição quanto pela riqueza e quantidade das citações patrísticas reunidas. É composta por comentários de 57 autores gregos e 22 latinos, alguns ainda desconhecidos na época.

Neste primeiro volume, Santo Tomás compilou os textos patrísticos referentes ao Evangelho de Mateus.

domingo, 10 de junho de 2018

Morre uma professora...


O seguinte relato é descrito por uma professora no facebook (manteremos, por ética, ao anonimato), é um relato dentre muitos docentes que a muitos anos tem sofrido com as constantes desestímulos na educação, desde governos corruptos até mesmo dos próprios familiares.

"Entrei na graduação em História visando mudar para Jornalismo. Em meados do 1° período me apaixonei pelo curso. Desisti da ideia de mudar de faculdade. No 3° período me apaixonei de novo, agora pela docência. Uma paixão que foi se consolidando o resto da graduação.

Fui trabalhar numa escola X dentre as quatro instituições que já trabalhei. Me dediquei com tudo que aprendi nas aulas da faculdade. Eram maquetes, análise de fontes, debates e etc. Trabalhei com os mais variados tipos de materiais. Filmes, fotografias, desenhos animados, HQs e muitos outros. Cheguei a pagar alguns materiais do meu bolso como canetas de quadro, cartolinas e Xerox.
A escola começou a atrasar os salários. Cheguei a passar 2 semanas implorando por um vale de 50 reais. Minha dispensa esvaziou, meu nome "sujou".

A diretoria sumiu por mais de um mês. Nenhuma satisfação. Quando reapareceram, alegaram falta de dinheiro. As desculpas vieram acompanhadas de ameaças sutis.

"Se vocês entrarem na justiça, não vão receber nada." Ouvi em uma reunião com outros professores.

Eu não podia abandonar as turmas, tinha começado um projeto e os alunos me davam retorno, as notas eram ótimas. Profissionalmente eu estava muito realizada. Mas, o desespero foi aumentando e as noites de insônia começaram a ser frequentes.

Três meses sem salário. Não suportei e pedi demissão. Me despedi das turmas em meio a alunos chorosos enquanto eu mesma segurava o choro. Comuniquei minha decisão a direção e ouvi um “Tudo bem, colocaremos outro professor no seu lugar” enquanto uma pilha de currículos era folheada na minha frente.

Em outras palavras “Você e seu trabalho são descartáveis”. Mesmo assim, minha ética falou mais alto e deixei tudo impecável. Diários devidamente preenchidos, notas devidamente lançadas. Nada pendente. Passei o mês seguinte ligando e indo a escola pra cobrar meus salários. Pararam de me atender e me receber.

Entrei com um processo trabalhista. Na audiência eles apresentaram um RECIBO DE PAGAMENTO FALSO COM MINHA ASSINATURA. Eu nunca recebi aquele valor, nunca assinei aquele recibo. Falei isso durante a audiência.
Saiu a sentença. O recibo falso foi aceito e minha causa foi dada como improcedente.

Perdi três meses de trabalho e a minha dignidade profissional.

É isso gente. Não existe diálogo entre trabalhador e patrão. Não existe justiça pra classe assalariada. Não existe mais nada além da incerteza da justiça.

Professor tem vida pessoal, gente. Professor paga contas. Professor come. Professor trabalha fora de sala preparando a aula do dia seguinte. Salário não é um favor. É o dever do empregador para com o empregado.

Não volto mais às salas de aula. Me recuso a passar por essa humilhação de novo.

Hoje eu me sepultei profissionalmente e estou enfrentando o luto.
Hoje morreu uma professora.

PS.: Ainda tenho que pagar os honorários do advogado da escola.
Porcaria de reforma trabalhista."