quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A polêmica sobre "La spigolatrice di Sapri"

Uma reportagem publicada no Uol de ontem, sobre uma estátua seminua homenageando a personagem A Respigadora de Sapri (La spigolatrice di Sapri), uma personagem que abandona ser emprego para seguir o exército de Carlo Pisacane que invadiu o Reino de Nápoles onde morreram 300 homens.

A Respigadora de Sapri

O poema escrito em 1857 por Luigi Mercantini, retratava a mulher que foi esculpida de forma semi-nua, gerando protestos e discursões sobre machismo e chauvinismo da sociedade italuana na cidade italiana de Sapri.

A Raposa Preppie publica a versão original do poema (em italiano) a partir da versão publicada na Wikipedia:

«Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!

Me ne andava al mattino a spigolare
quando ho visto una barca in mezzo al mare:
era una barca che andava a vapore,
e alzava una bandiera tricolore.
All’isola di Ponza si è fermata,
è stata un poco e poi si è ritornata;
s’è ritornata ed è venuta a terra;
sceser con l’armi, e a noi non fecer guerra.
Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!

Sceser con l’armi e a noi non fecer guerra,
ma s’inchinaron per baciar la terra.
Ad uno ad uno li guardai nel viso:
tutti aveano una lagrima e un sorriso.
Li disser ladri usciti dalle tane,
ma non portaron via nemmeno un pane;
e li sentii mandare un solo grido:
“Siam venuti a morir pel nostro lido”.
Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!

Con gli occhi azzurri e coi capelli d’oro
un giovin camminava innanzi a loro.
Mi feci ardita, e, presol per la mano,
gli chiesi: “Dove vai, bel capitano?”
Guardommi, e mi rispose: “O mia sorella,
Vado a morir per la mia patria bella”.
Io mi sentii tremare tutto il core,
né potei dirgli: “V’aiuti il Signore!”
Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!

Quel giorno mi scordai di spigolare,
e dietro a loro mi misi ad andare:
due volte si scontrâr con li gendarmi,
e l’una e l’altra li spogliâr dell’armi:
ma quando fûr della Certosa ai muri,
s’udirono a suonar trombe e tamburi;
e tra ’l fumo e gli spari e le scintille
piombaron loro addosso più di mille.
Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!

Eran trecento e non voller fuggire,
parean tre mila e vollero morire;
ma vollero morir col ferro in mano,
e avanti a loro correa sangue il piano:
fin che pugnar vid’io per lor pregai,
ma a un tratto venni men, né più guardai:
io non vedea più fra mezzo a loro
quegli occhi azzurri e quei capelli d’oro.
Eran trecento, eran giovani e forti,
e sono morti!»

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Poema do dia da árvore


Quando a última árvore tiver caído,
quando o último rio tiver secado,
quando o último peixe for pescado,
vocês vão entender que dinheiro não se come.

Feliz dia da Árvore

segunda-feira, 20 de setembro de 2021

O testamento político do Cardeal Richelieu

Eu considero uma falta gigantesca não haver livros escritos ou biografias do Cardeal Richelieu que por algum tempo me questiono pelo motivo. Lógico que o velho eminencia parda deve ter deixado algum tipo de manual político e esse manual pode estar em seu Testamento Político. São raríssimas as edições do livro além da pouca procura em editar um livro que pelo tempo que foi escrito pelo próprio cardeal, devido ao pouco interesse das editoras brasileiras. O Testamento Político foi editado poucas vezes e tem raríssimas edições à venda.

Antes de se tornar conselheiro de Luís XIII e o homem mais poderoso da França, o Cardeal Richelieu (1585-1642) teve de eliminar seus inimigos palacianos e alijar da corte até mesmo Maria de Médici, mãe do próprio monarca. Primeiro-ministro com mão de ferro, reprimiu os huguenotes na França, mas aliou-se aos protestantes na guerra contra a Espanha. Criador da Academia Francesa, foi o nome mais notável do processo de centralização de poder em torno do rei, ao restringir a autoridade das províncias e instituir intendentes. Este Testamento político – obra em que discorre não apenas sobre os feitos realizados durante a monarquia de Luís XIII, como também expõe de maneira clara e direta sua concepção de Estado e a forma de geri-lo – é aparentemente uma prestação de contas ao rei, mas revela-se um tratado de teoria política. Tornou-se não só o preferido de Luís XIV, mas também de Napoleão Bonaparte, e ombreia com as grandes obras do gênero, como O príncipe de Maquiavel.

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Treze de setembro não é treze de maio...

Uma amostra desse horror.
Hoje cedo vi no twitter uma polêmica a respeito de um livro infantil sobre Luiz Gama sobre crianças escravas numa viagem num navio negreiro em uma linguagem muito suavizada. pro tema. Logo, durante o dia inteiro conforme me informava melhor dava pra perceber que não havia condições de se manter neutro.

Desnecessário dizer que para um livro ser peblicado é necessário uma equipe de revisores e um texto para ser aprovado é revisado, corrigido e caso seja um livro infantil. Eu sempre falo que os livros como os de Monteiro Lobato, ou os de Hergé, deveriam ser comentados por professores e pesquisadores devido ao seu conteúdo racista pelo seu contexto histórico devido ao pensamentos e práticas na época.

Retornando ao texto, gostaria que atentassem ao fragmento extraído do livro sobre Luiz Gama: 

“Eu, a Getulina e as outras crianças estávamos tristes no começo, mas depois fomos conversando, daí passamos a brincar de pega-pega, esconde-esconde, escravos de Jó (o que é bem engraçado, porque nós éramos escravos de verdade), e até pulamos corda, ou melhor, corrente”, diz o trecho. 

Trata-se de um texto de um livro infantil mas pelo fato dos personagens serem negros relatando a viagem ao Brasil onde seriam vendidas como escravas mas de uma forma tão natural que é absurdo dizer que um texto numa ocasião dessas não deveria ter sido revisado pelas equipes de revisão editorial e alertado aos dois autores sobre isso. Não se trata, de um livro publicado na década de 20 ou 30, pois tal coisa a sociedade estava acostumada mas sim um livro a pouco tempo para um público infantil que poderia ser influenciado sob a narrativa de doutrinação ideológica desse governo genocida.

E isso após uma crítica pesada da dona da Companhia das Letras Lili Schwartz e ainda tendo uma filha como editora da Companhia das Letrinhas (atual selo de livros infantis) com o livro sendo reeditado 10 vezes e vindo de outra editora quando adquiriu a Editora Objetiva, que publicou pela primeira vez.

Fontes:

* https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2021/09/11/cia-das-letras-recolhe-livro-que-mostra-crianca-brincando-em-navio-negreiro.htm

https://revistagalileu.globo.com./Cultura/noticia/2021/09/livro-que-mostra-criancas-em-navio-negreiro-e-retirado-do-mercado-entenda.html

segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Pra que não fique esquecido

É hora de recordar as palavras de Ulysses Guimarães, o grande estadista, na promulgação da Constituição de 1988, libelo de democracia e liberdade do país depois de 21 anos de ditadura, mortes, terror, sangue e mordaça:

Parada de tanques no Golpe de 1964.

"A Constituição certamente não é perfeita. Ela própria o confessa ao admitir a reforma. Quanto a ela, discordar, sim. Divergir, sim. Descumprir, jamais. Afrontá-la, nunca.

Traidor da Constituição é traidor da Pátria. Conhecemos o caminho maldito. Rasgar a Constituição, trancar as portas do Parlamento, garrotear a liberdade, mandar os patriotas para a cadeia, o exílio e o cemitério. Quando após tantos anos de lutas e sacrifícios promulgamos o Estatuto do Homem da Liberdade e da Democracia bradamos por imposição de sua honra. Temos ódio à ditadura. Ódio e nojo. Amaldiçoamos a tirania aonde quer que ela desgrace homens e nações. Principalmente na América Latina".

(Fabiano Contarato apud Randolf Rodrigues, apud Ulysses Guimarães)

De seu humilde escritor e editor desse blog, carpem diem e aproveitem o feriado.