Recentemente comprei um exemplar da série Vozes de Bolso de O Alienista e na procura de uma capa para editar aqui encontrei uma resenha feita pela editora Vozes em sua página do facebook. Então A Raposa Preppie reproduz a resenha em sua página.
O alienista foi publicado, inicialmente,
em forma de folhetim, na revista carioca A Estação – Jornal Ilustrado
para a Família, entre outubro de 1881 e março de 1882. Logo depois,
Machado de Assis o compilou no volume Papéis avulsos, publicado pela
Typographia e Lithographia a Vapor, que era parte da antiga Tipografia
Universal.
O alienista faz parte da produção machadiana considerada
realista onde Simão Bacamarte é o protagonista. Médico conceituado fora
do Brasil, enveredou-se pela Psiquiatria, uma área ainda não muito
explorada por aqui, por isso mesmo ainda envolta a mistérios e
experimentações. Instalou- se em Itaguaí, pequeno vilarejo no interior
do Rio de Janeiro, onde fundou a Casa Verde, uma espécie de hospício e
“centro” de pesquisas psiquiátricas, abastecendo-o de cobaias humanas
para os seus experimentos. Assim, Bacamarte internou as mais diferentes
pessoas da cidade que julgava como loucas: o vaidoso, o bajulador, a
supersticiosa, a indecisa, sendo que na verdade eram apenas
comportamentos, às vezes estranhos, exóticos, mas nada anormal, doentio.
O que levava Simão Bacamarte a confinar as pessoas na Casa Verde se
baseava na lógica de que os indivíduos que se desviavam da norma social e
moral de comportamento estavam, segundo ele, doentes.
Todo este
poderoso mecanismo ficcional possibilitou Machado de Assis, de forma
sutil e cômica, a esboçar uma poderosa crítica ao contexto e à
mentalidade da época. Outro efeito significativo é a sensação de
atualidade do texto, especialmente do ponto de vista dos políticos da
pequena e longínqua vila, já que os percalços e dilemas envolvendo a
cena política de Itaguaí são, assustadoramente, bem semelhantes ao que
vivemos hoje, neste momento tão marcado pela crise moral e de valores no
cenário político brasileiro.
O livro faz parte da coleção Vozes de Bolso onde a editora se propõe a trazer ao público um novo tipo de trabalho em
torno de grandes clássicos da literatura de língua portuguesa com
textos já canonizados pela nossa tradição, porém com alguns “aditivos”
que agregam valor e força aos mesmos.
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