domingo, 16 de setembro de 2018

As histórias de R. Töpffer

A história começa quando o pesquisador André Caramuru Aubert leu no jornal o nome Rodolphe Töpffer (1799-1846), foi até a estante que continha os livros que seu avô trouxera da Europa para o Brasil e descobriu um tesouro para os entusiastas das histórias de quadrinhos. No móvel havia a primeira edição de "Histoire de Monsieur Jabot".  Desenhada em 1831 pelo suíço Töpffer e publicada em 1833, e é considerada uma das primeiras HQs do mundo.

"Töpffer era pintor mas teve um problema ocular, preferindo as linhas feitas a pena", diz Aubert. Jabot é um homem atrapalhado de classe média que busca lugar na alta sociedade, para isso chamando a atenção como pode. Ele visita um baile, discute com os presentes e dança com as mulheres.
Töpffer diz: 'Após as saudações, M. Jabot volta à sua posição'

O pesquisador diz que a ausência de balões poderia tirar de "Monsieur Jabot" o título de primeira HQ do mundo, mas afirma que o trabalho é "com certeza, o primeiro quadrinho longo". "Töpffer inventou as graphic novels."

Destacamos abaixo os dois volumes publicados pela SESI-SP:

Monsieur Cryptogame foi uma das primeiras histórias a ser desenha por Töpffer. Em fins de 1830, quando o autor arriscou enviar um álbum para Goethe, Weimar, Cryptogame foi o escolhido. A recepção entusiástica do velho poeta alemão não fez com que Töpffer o publicasse naquele momento, mas teve uma grande parcela de responsabilidade por tudo o que veio depois em sua obra. Três anos depois, Monsieur Jabot entrou para a história como a primeira HQ publicada, vieram outros álbuns, até que em 1844 foi publicado, finalmente Monsieur Cryptogame. Mas esta HQ ainda carrega outra marca de pioneirismo: quando o jornal L’Illustration surgiu em Paris, em 1843, inaugurando a imprensa ilustrada na França, Cryptogame foi a história em quadrinhos escolhida para aparecer em suas páginas, de maneira serializada. Assim, se as tirinhas nos jornais têm uma história, ela começa bem aqui.

Em sua detalhada apresentação, Caramuru relata toda a história do aparecimento dos volumes em suas mãos, justifica a denominação de Töpffer como o criador da primeira HQ, que, entre outros pontos, era diferente de tudo o que já havia sido feito até então. Constam ainda excertos das cartas de Goethe com comentários sobre os álbuns que recebeu de Töpffer. As palavras elogiosas do poeta foram propulsoras para que o autor decidisse publicar seus trabalhos e prosseguisse para a impressão em larga escala. “O que Töpffer criou foi algo, de fato, inédito. As suas histórias, como muitos dos quadrinhos atuais, se parecem com storyboards de filmes. Ou seja, o que ele estava criando era de fato uma nova linguagem, na qual a imagem se punha em movimento e se integrava perfeitamente ao texto, sem que um fosse mais importante do que o outro. E Töpffer sabia o que estava fazendo, com plena consciência do ineditismo de seu trabalho. Tanto que teve muito cuidado antes de publicar, fazendo-o apenas anos depois de ter desenhado o primeiro álbum, e somente quando se sentiu suficientemente endossado”, afirma Caramuru. 

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