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Leocotea |
Tinha uma certa raiva por uma pessoa há tempos atrás que me fizera crer que tinha me roubado algo que julgava ser mais precioso. Era uma pessoa, estava enamorada por ela mais jamais (por cegueira, minha) me conter ou ao menos negar o amor que sentia por ela e por isso não só a solidão ao me afastar e responsabilizar as duas pelos males que sentia naquele momento. Pois bem, isso passou a tanto tempo que ultimamente a pessoa amada h'algum tempo deixou a ser o meu norte. Já tinha de fato, mas outro fracasso amoroso havia, inevitavelmente, me recolocado ao ponto de partida. Nunca houve, entretanto, um reencontro e julgo que nem haverá pois acredito que essa pessoa deve ter casado e está com vida estável.
Por outro lado, essa segunda pessoa voltou recentemente a cruzar meu caminho como um gato vadio com quem deseja algum alimento ou alegrar a vida. Deixei ficar pois a cada ano que passa tenho, por meio do trabalho e das agruras da vida colecionado uma série de doenças que justificam a minha quarentena e curiosamente me lembrei do aniversário dela e também é de meu conhecimento em particular um blog onde ela tinha publicado alguns de seus poemas (este abaixo). Seu poema,
Nostalgia, exemplifica o significado de nossas miseráveis vidas presos em casa, evitando o contágio, relembrando tempos que podem nunca mais voltar e percebermos como caminhos entrecruzados poderiam nos ter feito outras opções, outras escolhas que infelizmente o passado não pode trazer de volta.
Como hoje é aniversário dela e no último ano, justamente quando nos encontramos uma última vez, foge na memória alguns traços de que ela (de alguma maneira) gostava de mim mas não desejava se abrir, sair do confinamento que seu dever ao trabalho não queria revelar. Publico este poema dela pois de certa forma, também expressa meu sentimento aos tempos vividos por ela.
Nostalgia
Sinto saudade.
Saudade do tempo em que o seu sorriso preenchia o meu dia.
Saudade do cheiro de terra molhada.
Do orvalho da manhã.
Saudade de tempos os quais não me lembro, mas tenho certeza de que vivi.
Saudade da minha cama, do café fresco, do pão quentinho.
Tenho saudade de quando eu não precisava forçar o sorriso.
Saudade.
Saudade do cheiro, da voz, do olhar.
Saudade de um toque que nunca senti, do beijo que nunca provei.
Tenho saudade de tantas coisas.
Saudade da brincadeira no parque e do sorvete no shopping.
Saudade dos livros, do cinema.
Saudade de quem me amou.
Saudade de quem nunca me amou.
Saudade do sorriso tímido, mas sincero.
Saudade da inspiração, dos sonhos e da amizade.
Apenas saudade.
F. MOTTA