domingo, 8 de setembro de 2019

Tarde te amei, de Santo Agostinho

Santo Agostinho (Agostinho de Hipona - 354-430): Um dos mais importantes filósofos e teólogos da era medieval, influenciou o cristianismo e a filosofia do ocidente, também é apontado como um dos mais notáveis pensadores da Patrística, filosofia cristã católica responsável pela criação das doutrinas de fé da igreja. Suas obras continuam sendo estudadas até hoje e as mais relevantes são A cidade de Deus (413-426) e Confissões (397-398), sendo esta última uma autobiografia em que ele dialoga com Deus, antes da sua conversão ao cristianismo. Nesse livro explica que a palavra "confissões", mais do que o ato de se confessar, significa adorar a Deus. O bispo de Hipona, cidade localizada ao norte da África (atual Argélia), acreditava que a graça de Jesus era vital para a liberdade humana. Entre suas contribuições filosóficas, ajudou a desenvolver a doutrina do pecado original e cooperou com a elaboração da teoria da guerra justa. Entre as igrejas cristãs, a Igreja Católica e a Comunhão Anglicana idolatram Agostinho como santo; alguns luteranos o consideram como "pai teológico" das ideias que influenciaram a Reforma Protestante, em virtude das suas teorias sobre a salvação e a graça divina; já a Igreja Ortodoxa não aceita algumas de suas doutrinas, entre elas, a do pecado original. Seu dia é celebrado em 28 de agosto, possível data da sua morte, e é visto como o religioso padroeiro dos teólogos.

Duas versões do livro Confissões
O texto escolhido para a Raposa Preppie foi “Tarde te amei”, um dos mais famosos de Agostinho de Hipona, Santo Agostinho (354-430), que integra as suas “Confissões”:

Tarde te amei, 
Ó tão antiga e tão nova beleza! 
Tarde demais eu te amei! 
Eis que habitavas dentro em mim, 
e do lado de fora eu te procurava! 
Disforme, eu me lançava 
sobre as belas formas das tuas criaturas. 
Comigo estavas, 
mas não eu contigo. 
Longe de ti me retinham as tuas criaturas, 
elas que não existiriam 
se em ti não existissem. 
Tu me chamaste, 
e teu grito rompeu a minha surdez. 
Fulguraste e brilhaste, 
e tua luz afugentou a minha cegueira. 
Espargiste tua fragrância 
e, respirando-a, 
por ti suspirei. 
Eu te saboreei, 
e agora tenho fome e sede de ti. 
Tu me tocaste, 
e agora vivo ardendo no desejo de tua paz

(Fonte: Agostinho de Hipona. In: Faustino Teixeira e Volney Berkenbrock (Orgs). As orações da humanidade. Petrópolis: Vozes, 2018, p. 102)

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